Nos anos 90, recordo-me de um telefilme sobre a história dos irmãos Menendez, que tive a oportunidade de assistir em vídeo. Foi uma produção de baixo custo, com Edward James Olmos e Beverly D’Angelo interpretando os pais. No entanto, como todos os telefilmes da época sobre crimes reais, era direto e claro sobre quem era o vilão e quem não era. Isso definitivamente não acontece em Monstros: Irmãos Menendez: Assassinos dos Pais, que estreou na última semana na Netflix. Repetitiva ao extremo e com um roteiro fraco, foi extremamente difícil chegar ao fim da minissérie.
Com nove episódios extremamente longos, a minissérie é baseada em uma história real que ocorreu no final dos anos 80. Lyle (Nicholas Alexander Chavez) e Erik Menendez (Cooper Koch) são dois irmãos que mataram seus pais a tiros. Em seguida, ligaram para a emergência, denunciando o crime como se tivessem acabado de descobrir os corpos de sua mãe, Kitty (Chloë Sevigny), e de seu pai, Jose (Javier Barden), na casa. Quando ficou claro que eles eram os responsáveis pelas mortes, os irmãos, de 18 e 21 anos, alegaram que agiram em legítima defesa após anos de abuso físico e emocional.
Minhas impressões
Ryan Murphy adora produzir essas histórias de crimes reais. Ele fez um ótimo trabalho sob a franquia de American Crime Story, O Povo contra OJ Simpson (atualmente indisponível no streaming). Outro exemplo é sua participação na franquia Monstro, contando a história de Jeffrey Dahmer, que teve uma atuação premiada de Evan Peters na Netflix. O problema com a história dos irmãos Menendez, além da repetição, é a inconsistência em relação aos personagens. Ou seja, vemos repetidamente as mesmas cenas, sempre apresentadas de forma agitada e gritante, de diferentes pontos de vista. Parece que a intenção era apenas prolongar a duração da minissérie.
Isso fica ainda mais evidente no início, com ênfase nas cenas de excessos dos irmãos após receberem o dinheiro, gastando de maneira descontrolada. A cada episódio, a série muda a perspectiva dos irmãos e até mesmo o formato, dependendo do diretor de cada episódio. Por exemplo, no quinto episódio, a câmera se concentra totalmente em Erik (que, aliás, tem uma ótima atuação de Cooper Koch). Do ponto de vista cinematográfico, é incrível, mas acaba sendo um sonífero potente, rsrs.
Recuperando a atenção
A atenção do público (pelo menos a minha) só retorna a partir do sétimo episódio até o fim, quando se inicia o primeiro dos dois julgamentos. Mas até lá, é realmente difícil suportar a minissérie. A exceção são as cenas de Nathan Lane como Dominick Dunne, interpretando o pai da atriz de Poltergeist que foi assassinada. Ele é quase um tradutor dos rumos da história confusa. E com um ator tão talentoso, é impossível desviar os olhos dele.
Também há várias referências à época que são interessantes, como o lançamento dos Menudos por Josê Menendez e a menção a Richard Griecco como possível ator para interpretar Lyle no cinema (será que alguém se lembra de Griecco?). O figurino e a direção de arte também são muito eficientes. Gosto da fotografia colorida e da trilha sonora. Javier Bardem e Chloe Sevigny também têm poucos, mas bons momentos. É uma pena que o roteiro se arraste demais e não saiba para onde ir.
E o que acontece com Erik Menendez?
Como todo mundo sabe (o que não é spoiler), os irmãos Menendez foram condenados à prisão perpétua, sem direito a liberdade condicional. A minissérie retrata com grande pompa e circunstância que eles foram enviados para prisões separadas. No entanto, em 2018, os dois foram reunidos na Richard J. Donovan Correctional Facility, na Califórnia. E, com o lançamento da série, Erik Menendez afirmou que ela contém diversas mentiras sobre os fatos descritos. Ele expressou essa opinião em sua página no Facebook (presidiários podem ter uma página no Facebook??).
Na verdade, os irmãos estão buscando um novo julgamento. Isso ocorre principalmente depois que o ex-Menudo Roy afirmou ter sido sexualmente abusado pelo pai dos dois, José Menendez. Resta saber se isso será suficiente para reabrir o caso, especialmente considerando tudo o que a minissérie já mostrou extensivamente.
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