A primeira vez que tomei conhecimento da angustiante história das lavanderias irlandesas foi através do filme Philomena, lançado em 2013. Dirigido por Stephen Frears e estrelado por Judi Dench, o longa retrata a jornada de um jornalista que decide investigar uma história terrível. Ele acompanha a luta de Philomena em busca de seu filho, que foi separado dela após ser obrigada a trabalhar na lavanderia de um convento. O filme está disponível para aluguel ou compra em plataformas digitais. A série A Mulher na Parede, que estreia no Paramount Plus no dia 20, também aborda o tema das lavanderias irlandesas.
A história real das lavanderias
Caso você não esteja familiarizado com essa história, as lavanderias de Madalena surgiram da “necessidade” percebida pelo governo de punir as “mulheres desviadas”. Isso incluía principalmente mães solteiras, que eram consideradas “a vergonha da sociedade”. Essas mulheres eram enviadas para as lavanderias depois de terem seus filhos retirados delas em abrigos e conventos falsos. Elas eram submetidas a opressão física e emocional, e muitas vezes até mesmo mortas sob o pretexto de serem “purificadas aos olhos de Deus”. O caso ganhou repercussão na mídia e se tornou um escândalo nacional em 1992. Somente em 2001, o governo irlandês emitiu um pedido formal de desculpas, reconhecendo o envolvimento do Estado na crueldade das instituições da igreja.
A Mulher na Parede
A Mulher na Parede é uma história fictícia que se entrelaça com esses fatos reais. Lorna Brady (interpretada com maestria por Ruth Wilson, conhecida por seu trabalho em His Dark Materials), mora em uma pequena cidade irlandesa e acorda uma manhã com um corpo em sua casa. O pior é que Lorna não tem certeza se ela mesma é a responsável pelo aparente assassinato, pois ela sofre de crises extremas de sonambulismo desde que foi levada embora de casa aos 15 anos e presa no Convento, uma instituição fictícia de um dos infames asilos Madalena da Irlanda. Lá, Lorna deu à luz sua filha Agnes, que foi cruelmente separada dela e cujo paradeiro ela desconhece.
Ao mesmo tempo, o detetive Colman Akande (interpretado por Darryl McCormack, conhecido pelo ótimo trabalho em Boa Sorte, Leo Grande) está investigando Lorna por um crime aparentemente não relacionado ao corpo encontrado em sua casa. Sua inteligência esconde uma tristeza silenciosa, e ao conhecer Lorna, ele se vê confrontando seus próprios segredos. Conforme Colman procura pelo assassino e Lorna busca por sua filha, seus caminhos se cruzam de diversas maneiras.
Minhas impressões
A série possui seis episódios e é uma co-produção entre os canais Showtime e BBC. Eu adoro essas séries britânicas curtas que conseguem contar histórias envolventes de forma perfeita. O roteiro da série se divide em duas linhas do tempo. A primeira mostra as memórias de Lorna sobre o tempo que passou na lavanderia. A segunda, que ocupa a maior parte do tempo, se concentra nos dois assassinatos, que possuem conexão com os eventos do passado. Além disso, há também uma parte do drama que não envolve apenas Lorna, mas também outras mulheres que sofreram (e ainda sofrem) com os acontecimentos do passado, lidando com o olhar repreensivo da sociedade e dos poderosos.
Além do drama emocionante e revoltante, A Mulher na Parede também oferece uma trama policial cheia de reviravoltas. Você ficará completamente envolvido com a história. Assisti aos seis episódios, com cerca de uma hora cada, de uma só vez e valeu muito a pena!
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