Agora lendo: Anime | Análise Completa – Ruri Rocks

Carregando
svg
Abrir

Anime | Análise Completa – Ruri Rocks

outubro 28, 20251 Min. de Leitura


Ruri Rocks
Ruri Rocks
©Ruri Rocks

Dados Técnicos: Ruri Rocks (Ruri no Houseki)

Gênero: Slice of Life, Educacional, Aventura
Produção: Studio Bind
Diretor: Shingo Fujii
Baseado em: Mangá

Leia também: Impressões Iniciais – Ruri Rocks

Com a Temporada de Outono 2025 em alta, é hora de destacar as obras que já chegaram ao fim na Temporada de Verão 2025. Hoje, Ruri Rocks é a protagonista!

Sinopse

Ruri Rocks
Ruri Rocks
©Ruri Rocks
Impressões Iniciais desta obra em julho de 2025, mencionei algumas peculiaridades que me chamaram a atenção, e admito que uma delas foi um motivo bastante audacioso. O que mais me intrigou foi a temática tratada, que se destacava da longa lista de mais de trinta títulos lançados naquele semestre — a geografia. De fato, o Japão realmente consegue criar o que há muito tempo o Ocidente não consegue: abordar diferentes assuntos e tecer narrativas que cativam de diversas maneiras, proporcionando experiências surpreendentes.

Embora eu seja apaixonado por geografia e seus diversos aspectos, é desafiador imaginar uma abordagem realmente original que consiga manter o espectador engajado. A idéia de explorar diamantes e outras gemas já é bastante batida — mas e se mudássemos esta visão de riqueza para uma admiração pelo belo? Em vez da ganância associada a riqueza e poder — como visto em Diamante de Sangue — apresentar uma perspectiva mais pura e atrativa, onde se aprecia a beleza das pedras e suas histórias. Assim, Ruri Rocks dá os primeiros passos em uma transição rumo a isso, buscando a beleza essencial.

Ruri Rocks
Ruri Rocks
©Ruri Rocks

Ruri inicialmente deseja apenas exibir pedras preciosas por capricho, mas rapidamente muda de ideia ao descobrir através de sua mãe que seu avô buscava essas pedras na natureza. O que antes era uma vaidade transforma-se na motivação que impulsiona Ruri Rocks. Este processo de mudança é concretizado quando a jovem Ruri encontra, na natureza, uma figura encantadora, digna de destaque nos animes que acompanhei ao longo de mais de duas décadas — Nagi Arato.

Ao olhar para cima, Ruri avista uma mulher madura com um olhar sereno e conhecimento profundo do que faz. Isso ocorre logo no primeiro episódio, que fundamentou minha primeira impressão. Portanto, em vez de uma garota mimada, testemunhamos o início de uma transformação que é surpreendentemente envolvente. Compor uma narrativa no estilo natureba pode ser simples, como em Yuru Camp ou Futari Solo Camping, bastando colocar personagens em ambientes naturais, e voilá!

No entanto, seguir por uma linha científica e descobrir que uma pedra encontrada no rio pode indicar sua origem, além de mostrar a beleza natural de florestas e riachos, é algo que realmente me cativou. Ruri em determinado momento elabora anotações sobre suas explorações, que são úteis ao longo dos episódios, demonstrando a evolução de sua persona egocêntrica para uma figura fascinada que busca mais descobertas.

Personagens

Ruri Rocks
Ruri Rocks
©Ruri Rocks

A trama é intrigante, especialmente pela sua singularidade, um factor crucial para se destacar na vasta gama de animações, e os personagens aqui presentes se encaixam perfeitamente. Ruri possui uma energia vibrante, é um pouco preguiçosa em certas atividades, mas se mostra incrivelmente curiosa, o que a leva a novas aventuras junto com Nagi, que é a primeira a agir na história.

Nagi age como a catalisadora do interesse de Ruri. Ela não é apenas uma mentora que possui vasto conhecimento, mas também uma fonte de segurança e resolução para a pequena Ruri — além de ser, por si só, um grande atrativo para o anime (disso falarei mais adiante).

Ambas atraem outros personagens de apoio, que adicionam um importante sentido de suporte à narrativa. No caso de Nagi, Youko Imari é uma especialista em mineralogia que, embora similar, contrasta com Nagi de forma muito bem elaborada. Youko é a exploradora, cautelosa e responsável, que busca fontes, mesmo sendo um pouco desorganizada. Youko se destaca por ser mais disciplinada, mas menos aventureira que sua mentora.

Ruri Rocks
Ruri Rocks
©Ruri Rocks

Assim, Ruri passa a ser guiada por ambas, e a dinâmica entre elas é muito bem aproveitada ao longo da obra, tanto nas situações cômicas quanto na evolução dos episódios. Com o avanço da narrativa, mais uma personagem se junta à equipe de mineralogia — Shouko Seto, que é o contraste a Ruri. Ao contrário da loira, Shouko sempre teve uma paixão profunda por pedras e minerais, é organizada e muito dedicada aos estudos, formando uma equipe similar, mas mais jovem, com Nagi e Youko. Aoi Kasamaru é outra que entra, mas de forma tardia.

Ela possui semelhanças com Ruri, mas é muito mais… como posso expressar… substancial. Ela é apresentada já no primeiro episódio, ao lado de Ruri, mas acaba ganhando mais destaque apenas no final da saga, respeitando o amor de Ruri pelas pedras. Sua presença é mais explorada no mangá do que no anime. Acredito que houve uma falha em não explorar mais a sua personagem, pois ela faz parte da passagem de Ruri nesta jornada mineralógica. O que me impressionou foi como o anime avançou com essas cinco personagens, com aparições pontuais da mãe de Ruri. A dinâmica do grupo utilizada evita que os episódios se tornem repetitivos e banais, destacando-se pela naturalidade da evolução das cenas até o final.

Embora não seja uma inovação recente, os animes com foco feminino têm se tornado bastante cativantes. Desde Lucky Star, Azumanga Daioh, Ichigo Mashimaro até Nishijou e Yuyushiki. Mesmo em Sailor Moon há vilões e mocinhos, e aqui o único homem aparece apenas no último episódio. Cada personagem possui uma profundidade que vai além da aparência — todas têm sua própria inteligência e personalidade definidas.

Ritmo e Atmosfera

Ruri Rocks
Ruri Rocks
©Ruri Rocks

Ao contrário de produções ruins como High Guardian Spice, aqui a valorização feminina vai além da aparência e dá importância ao que cada uma traz de único, contribuindo para o grupo — juntas, elas cintilam e dão sentido à história. O arquétipo é do mentor e aprendiz, mas não no sentido de superar, mas sim de passar o bastão para as futuras gerações.

Ruri expande seu interesse por gemas e se aprofunda ao ponto de estar em um laboratório, desenvolvendo paciência em seus experimentos, seguindo os passos de Nagi. De maneira semelhante, quando Shouko entra no final da série, encontra em Youko uma figura de liderança, o que proporciona à narrativa uma estrutura bem delineada.

Esses episódios são uma experiência de aprendizagem não somente para Ruri, mas também para Shouko. A jornada não é apenas sobre minerar, mas há informações significativas sobre cada local e suas características.

Ruri Rocks
Ruri Rocks
©Ruri Rocks

As explicações são dadas de forma educacional, digna de um curso, nas quais Nagi e Youko ensinam sobre minerais e suas origens, permitindo que o espectador mergulhe nesse universo. Informações aparecem sempre que um conceito é apresentado, sem interromper o fluxo dos episódios, despertando o interesse em aprender mais.

Compreender que uma pedra possui determinada cor a partir de sua origem geológica, sua exposição a certos minerais e o ambiente em que se formou durante atividades em laboratório e explorações campo a fora, dá um aspecto inovador a Ruri Rocks.

Através disso, você testemunha o crescimento do interesse de Ruri, culminando no clímax da obra, quando ela decide seu futuro após tantas descobertas fascinantes, não apenas em termos técnicos, mas também relacionadas ao brilho interno que isso traz. Essa evolução é orgânica, crescendo de forma natural, o que torna a experiência muito rica e encantadora, como toda jornada científica deve ser. O desfecho é ainda mais emblemático, representando a relação entre mestre e discípulo, quando Ruri aparece mais velha, em uma pose semelhante à de Nagi ao final do anime — um momento cinematográfico excepcional!

Ruri Rocks
Ruri Rocks
©Ruri Rocks

Um momento marcante foi quando todas juntas descobriram o rádio de cristal que pertencera ao avô de Ruri. Fizeram o rádio funcionar e, qual era a música que estava tocando? O tema de abertura, outra bela adição à experiência que conecta o espectador ao coração da obra.

Gosto do que Dr. Stone fez ao abordar ciência e descobertas de forma divertida e cheia de ação, mas Ruri tocou em mim de uma maneira que só a música pode fazer, alcançando uma beleza genuína. Não existem grandes superações, batalhas ou conflitos, mas sim uma jornada de conhecimento e seu ápice pessoal.

Ao ver Ruri mergulhando no rio e encontrando um pedaço raro de ouro, ou revisando anotações para corrigir um erro experimental, você se envolve ao lado dela nessa aventura. Uma atmosfera sublime de conhecimento e beleza é criada — e tudo isso, de maneira objetiva, por meio da protagonista que dá nome à obra.

Design e Animação

Ruri Rocks
Ruri Rocks
©Ruri Rocks

O anime se ambienta na natureza, com cavernas, minas abandonadas em meio a florestas densas, praias e rios, além de formações de quartzo que servem de pano de fundo. A animação é de alta qualidade, trazendo um charme visual que cativa o espectador, um notável trabalho realizado pelos Studios Bind, sob a produção de Tomoyuki Oowada e direção de Shingo Fujii, que também cuidou da roteirização visual dos episódios inicial e final.

Keiichirou Shibuya, autor de Ruri Rocks, é um artista com bom gosto. Até o presente momento, o autor escreveu apenas outros dois mangás menos conhecidos: Daikagaku Shoujo e Musunde, Tsumuide, ambos com uma forte influência da demografia shoujo. Daikagaku, em específico, aborda temas de descobertas, e aposto que Ruri Rocks trouxe esse conceito a um nível mais elevado.

Os traços que ele utiliza são belos e humanos, conferindo identidade a cada personagem. Ruri é uma jovem de cabelo loiro, com uma figura delicada, que ao mesmo tempo irradia energia.

Ruri Rocks
Ruri Rocks
©Ruri Rocks

Shouko tem uma personalidade mais contida, o que se reflete em seu design discreto, com cabelo escuro e uma expressão neutra. Youko, por outro lado, é madura e suas madeixas bicolores revelam a energia que possui, além de uma postura que transmite confiança, mesclando seu lado desajeitado. Já Nagi merece uma análise à parte.

Nagi foi o que me levou a assistir Ruri Rocks, tocando em algumas vulnerabilidades. Não seria o tipo ideal de pessoa com quem você gostaria de estar? Entendo perfeitamente porque Ruri se identificou com ela logo de cara.

Nagi exala liderança, é confiante, vibrante, quase como um puro-sangue pronto para a corrida. Seu corpo é de impressionar, sem ser vulgar. É inegável que os animadores aproveitaram bem seu tempo de tela, pois suas aparições são frequentes. Ela até faz uma cena usando um traje de empregada no nono episódio.

Ruri Rocks
Ruri Rocks
©Ruri Rocks

Ela é uma figura de confiança, que impõe uma presença passiva e cativa logo de início, o que se reflete na relação com Ruri. Cada personagem possui seu charme e beleza únicos, sendo ressaltada ainda mais com um elenco reduzido, permitindo que cada uma brilhe em seus respectivos episódios. Ao juntar tantas mulheres atraentes — e reforço isso em meu texto “A Verdadeira Beleza Feminina“, com relevância e sentido, em um cenário natural encantador, a combinação é perfeita.

A animação não economiza em transições suaves e detalhadas, sombras e efeitos de luz dignos de uma obra de arte. É fluida e especialmente detalhada, especialmente para um anime que se propõe a ser slice of life e educacional.

Os corpos têm realismo e física aplicados, a água flui como deveria, e cada pedra recebe a devida atenção. Arriscaria dizer que é uma das animações mais impressionantes de 2025, mesmo que seu design não seja tão chamativo quanto Tougen Anki ou Sanda — que possuem traços mais distintivos, mas Ruri Rocks realmente fez um trabalho diferenciado.

Trilha Sonora e Composição

Ruri Rocks
Ruri Rocks
©Ruri Rocks

Outro aspecto que me atraiu, além da geologia e dos rostos belos, é a maravilhosa ambientação apresentada. Se a atmosfera de aprendizado e descoberta já conquistou qualquer um que tenha bom senso, a configuração dos ambientes é de uma qualidade ímpar. Não há um único episódio que não transmita uma sensação de novidade, pois cada lugar e descoberta são únicos. A precisão geográfica que a obra aborda é de encher os olhos de qualquer entusiasta da área, como eu.

A trilha sonora complementa tecnicamente a obra de uma forma que poucas vezes vi em animes, especialmente em uma série com apenas treze episódios. Lucky Star e Azumanga Daioh têm trilhas que já se tornaram icônicas entre os fãs de anime, cada uma com sua própria identidade musical. Ruri apresenta faixas como “Um passo de cada vez” (一歩ずつ), “Encontrei” (見つけた), “Ruri” (瑠璃), “Vínculo” (繋がり), “Terra Secreta” (秘境), “Com meus próprios olhos” (自分の目で), que servem como a harmonia central da obra. (ouça a trilha sonora completa)

Nova Descoberta” (新しい発見) é o tema central da obra, e todas têm uma beleza rara em trilhas sonoras de animes comuns. É fácil mencionar o impactante tema de Castelo Infinito em Kimetsu no Yaiba — quase épico, mas é difícil encontrar algo tão refinado em títulos mais convencionais. Daisuke Achiwa e Kazuki Yanagawa, conhecidos por seus trabalhos na franquia de jogos Atelier, entregaram uma experiência verdadeiramente única aqui.

Notas

Ruri Rocks
Ruri Rocks
©Ruri Rocks

Animação: De todos os animes que analyzei até agora em 2025, Ruri Rocks definitivamente está no topo, apenas atrás da incrível City: The Animation e Lazarus. É fluida, cheia de cores, transmite vida e retrata a natureza de uma maneira artística e de bom gosto. 9,0/10

Arte Gráfica: Se Nagi não te encantou, nem o ambiente onde a história se passa, você está perdendo algo valioso. Com traços delicados e expressivos, cada quadro é bem composto e apresentado. Embora não seja tão icônico quanto algumas outras animações deste ano, o que poderia fazer perder um ponto, ainda assim está acima da média — especialmente para uma obra de slice of life e educativa. 8,0/10

Personagens e Enredo: A sinergia entre os personagens, em uma proposta pouco convencional, é forte e transforma a obra em uma preciosidade eventualmente subestimada. Um elenco enxuto tem suas vantagens, e cada personagem aqui tem um papel relevante. De maneira geral, pode passar despercebido, mas não decepciona. 8,5/10

Trilha Sonora e Ambientação: Fora de obras grandiosas, procure algo tão interessante e único, e será difícil encontrar. Como músico, sou tendencioso, mas não dá para negar que a trilha sonora é absolutamente linda, complementando um ambiente que requer delicadeza sonora para se impor. A ambientação natural é bem explorada, transmitindo toda a narrativa de forma encantadora e apaixonante. 10/10

Geral: Uma beleza sublime, assim descrevo Ruri Rocks. É maravilhoso observar a natureza em sua forma mais científica e, mais ainda, ver pessoas genuinamente interessadas nisso. Ver Ruri desenvolver um amor que vai além do superficial é de encher os olhos. E, é claro, apreciar tantas mulheres lindas, cada uma à sua maneira, típico da arte japonesa, é algo que deve ser celebrado! 8,8/10

Veredito

Ruri Rocks
Ruri Rocks
©Ruri Rocks

Se você procura algo fora do comum, Ruri Rocks é a escolha certa. Excelente para acompanhar durante o almoço, sua didática envolvente torna-a uma experiência única entre os animes, especialmente os lançados na Temporada de Verão 2025, uma obra excepcional!

A progressão dos episódios é ágil e exata em tudo o que deseja transmitir. O encerramento com a Ruri já adulta — provavelmente na casa dos vinte anos, assim como Nagi durante o anime, elicita um sorriso genuíno deste crítico ácido de outras análises e textos. É estimulante romper com a rotina dos animes de vez em quando, e pela experiência que oferece, Ruri Rocks se posiciona fortemente em 2025, surgindo como uma promissora candidata a prêmios futuros!

No universo colorido do Geek.etc, a paixão por animes e desenhos se entrelaça como os fios de uma teia mágica, sempre prontos para encantar e surpreender!
Fotos: Reprodução, Divulgação, Animeunited, Google

Qual seu voto?

0 People voted this article. 0 Upvotes - 0 Downvotes.
Tags:#Animes,
svg