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A AbleGamers Brasil busca impressionar durante a gamescom latam

dezembro 15, 202312 Min. de Leitura

A AbleGamers Brasil, organização sem fins lucrativos que promove a inclusão de pessoas com deficiência por meio dos videogames, marcou presença na CCXP23 com a participação do diretor, presidente e fundador, Christian Bernauer, e do streamer, criador de conteúdo e membro fundador, Fabrício “SDW”.

O TecMasters entrevistou os dois para falar sobre a participação da ONG no evento e sobre o estande acessível da Xbox.

“Nosso trabalho é permitir que pessoas com deficiência possam jogar videogames e vivenciar esse mundo incrível dos games. Fazemos isso com controles adaptados, conversando com os desenvolvedores e ensinando-os a fazer jogos mais acessíveis”, explica Christian.

Ele descreve a participação da AbleGamers na CCXP23 como “uma experiência incrível”.

“Esta é nossa primeira participação na CCXP e num evento com Xbox. Criamos quatro estações de games acessíveis, permitindo que pessoas com deficiência joguem, além de conscientizar muitas pessoas. Muitos ficam curiosos ao verem os controles e dizem coisas como: ‘eu tenho um amigo/irmão/primo com deficiência e não sabia que era possível jogar de novo’. Esse trabalho está sendo maravilhoso. Além dos controles, fizemos áudio descrição para a maioria das ativações no estande e o Xbox trouxe um intérprete de Libras. Em parceria com a AbleGamers, conseguimos fazer o estande de games mais acessível da história da CCXP.”

Fabrício, por sua vez, conta que essa foi a sua “primeira experiência como PCD” na CCXP, e diz que ficou feliz em ver que “os estandes estão buscando acessibilidade”.

“E não é só porque estou com a AbleGamers, mas o estande da Xbox realmente pensou no conforto. Ele é amplo, é possível circular com uma cadeira de rodas, e tem estações acessíveis para as pessoas jogarem. Outros estandes também têm ativações preparadas para receber pessoas com deficiência. Além disso, a equipe do evento em geral é mais preparada, trata as pessoas bem e as envolve nas atividades. É muito bacana.”

Fabrício conta que, mesmo tendo o “privilégio de jogar videogames desde criança”, sabe que muitas pessoas não sabem que também podem jogar e viver aventuras através de controles adaptados. 

“Ontem mesmo, vi algo que tocou meu coração: um garotinho com a família testando o Minecraft Dungeons e se saindo muito bem. Ele estava muito animado e a família dele também, porque ele estava conseguindo jogar e se divertir ali. Sem as adaptações, ele não conseguiria. A empolgação tanto dele quanto dos pais emocionou bastante.”

Christian descreve a acessibilidade nos jogos como uma “experiência incrível”, pois aproxima as pessoas. “Quando tornamos os jogos acessíveis, não se trata apenas dos jogos, mas também das pessoas”, completa.

Em relação à parceria com outras publishers, Christian esclarece que a AbleGamers mantém um bom relacionamento com todas elas, mas a associação com a Xbox é mais evidente devido ao lançamento do primeiro controle adaptável do mundo em 2018.

“Não temos exclusividade, apenas uma parceria muito boa. A acessibilidade é universal. Não nos prendemos a uma marca. Fazemos as pessoas jogarem o que quiserem na plataforma que desejarem.”

No estande da AbleGamers Brasil dentro do estande da Xbox, havia quatro estações de jogos disponíveis para o público testar. “Como esta é uma feira, a circulação e a diversidade são muito grandes. Trouxemos alguns botões e uma alavanca de controle com dois tipos diferentes. É mais como uma exposição”, comenta o presidente da ONG.

“O que Christian está querendo dizer é que quando falamos de controles acessíveis, estamos nos referindo a controles personalizados. Não é possível padronizar, pois não há apenas um tipo de deficiência”, complementa Fabrício.

Fabrício usa a si mesmo como exemplo para explicar melhor: “Eu tenho atrofia muscular espinhal, e várias pessoas com a mesma condição têm necessidades diferentes. Eu me adapto bem ao controle normal do Xbox, mas há quem não goste ou tenha mais dificuldade com teclado e mouse; outros precisam de um quadstick… É muito personalizado”.

AbleGamers Brasil na gamescom latam

Logo da Gamescom

Imagem: reprodução/gamescom

Ao serem questionados sobre a presença da AbleGamers na gamescom latam, Christian revela que a ONG possui uma parceria com o BIG Festival e que tem feito palestras no evento há pelo menos três anos.

“Estamos levando a acessibilidade e temos uma ótima relação com o BIG Festival e a Omelete Company. Agora, com a gamescom latam, vemos uma grande oportunidade. Meu desejo pessoal é transformar a gamescom latam no evento de games mais acessível do mundo”, expõe o presidente da ONG. “Acredito que isso seja perfeitamente possível, principalmente devido aos contatos que temos com Xbox, PlayStation, Nintendo, Ubisoft… Estamos conversando com a organização e com as marcas para mostrar ao mundo o que pode ser feito.”

E o jogo do ano em termos de acessibilidade?

Por fim, eles também revelaram, de forma pessoal, qual jogo consideram o melhor de 2023 em termos de acessibilidade. Para Fabrício, o prêmio vai para o jogo Forza Motorsport: “Eles fizeram um excelente trabalho em acessibilidade, especialmente em relação à sensibilidade visual. Antes do lançamento do jogo, era inimaginável pensar em um game de corrida acessível para pessoas cegas. Ver amigos meus que são cegos conseguindo jogar e se divertir me deixou muito feliz. Isso abre um novo horizonte para essas pessoas.”

Fabrício também compartilha que desde criança sonhava em ser piloto de corrida, mas enfrentou dificuldades devido à sua deficiência, não apenas em relação à realização pessoal, mas também na socialização com outras crianças. Sua história é emocionante.

“Desde pequeno, eu sempre gostei de jogar. O videogame era um refúgio para mim, pois tentava brincar com as outras crianças da rua ou da escola e não funcionava, eu sempre era excluído. Mas ao longo do tempo, por meio dos jogos, encontrei uma forma de me conectar com as pessoas. Isso passou a servir como um mecanismo e me ajudou a me aproximar das outras crianças para brincar, para que elas vissem que eu não era diferente delas. Apesar de estar em uma cadeira de rodas, eu era igual a elas: gostava das mesmas coisas, jogava os mesmos jogos… Sempre fui muito fã de carros, corridas de motos, enfim, tudo que envolvia motor. Meu sonho de infância era ser piloto de corrida. Mas quando cresci, percebi que isso era impossível devido à minha deficiência. No entanto, por meio dos jogos, comecei a compartilhar meus conhecimentos, dando dicas e fazendo vídeos sobre jogos de corrida. Hoje, as pessoas me conhecem mais por isso, pelos jogos de corrida. Mas eu jogo de tudo. Posso dizer que realizei meu sonho, pois, apesar de não ser um piloto de carros de corrida de verdade, me tornei um piloto conhecido no mundo dos jogos. Para mim, é algo incrível. Estar na CCXP e ver outras pessoas chegando e dizendo ‘ei, Fabrício, eu te sigo, conheço você, peguei dicas suas, suas dicas são ótimas’, é uma grande conquista. Olho para trás e tenho vontade de dizer para o meu eu do passado: ‘continue firme, você vai realizar seu sonho’.”

Por fim, Christian destaca que 2023 foi um ano com muitos jogos concorrendo em termos de acessibilidade: “É maravilhoso ter um ano com vários jogos disputando [em acessibilidade].” 

“Para mim, o prêmio de inovação em acessibilidade vai para o Street Fighter 6. Ele tem um modo com sinais sonoros, assim como o Mortal Kombat 1, mas implementado de forma diferente. O Street Fighter 6 trouxe um modo de luta simplificado, onde é possível jogar com apenas dois botões. Mesmo com controles adaptados, não é fácil fazer um hadouken. Esse modo permite que as pessoas realizem esse tipo de comando sem grande dificuldade. Nesse sentido, o Street Fighter 6 foi brilhante.”




“O blog Geek.etc é como um gamer habilidoso no controle, apaixonado por aventuras virtuais e leal ao seu amor incondicional pelo Xbox.”
Fotos: TecMasters, Xbox e Google

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