Logo de início, é importante ressaltar que O Conde, disponível na Netflix, não é um filme que agrade a todos os gostos. Trata-se de uma sátira pesada que brinca com a ideia de que Augusto Pinochet, ex-ditador do Chile, na verdade era um vampiro. A direção fica por conta de Pablo Larrain, conhecido por suas biografias recentes, como Jackie e Spencer. No entanto, antes desses filmes, Larrain já explorava a figura de Pinochet em uma trilogia. Em O Conde, o diretor finalmente coloca o ditador como protagonista, coincidindo com os 50 anos do golpe que depôs o presidente Salvador Allende. Na minha opinião, essa escolha foi bastante interessante.
A trama de O Conde mostra Augusto Pinochet, conhecido como símbolo fascista, como um vampiro envelhecido e solitário, vivendo em uma mansão abandonada na Patagônia. Após se alimentar de sangue por 250 anos, ele decide que é hora de morrer de uma vez por todas. Pinochet, então, finge sua morte, mas se sente frustrado com a forma como é percebido. Rodeado por uma família desapontadora e oportunista, o vampiro não encontra mais sentido na imortalidade. No entanto, quando tudo parece perdido, ele encontra uma nova inspiração que o faz reconsiderar seus planos.
Minhas impressões
Fiquei imaginando se Larrain se inspirou no filme Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros para criar essa história. Brincadeiras à parte, a ideia é sensacional e é por isso que O Conde recebeu o prêmio de melhor roteiro no Festival de Veneza. A narrativa é conduzida por uma voz feminina, que lembra aquelas das histórias infantis. Mais adiante, descobrimos quem é essa narradora (#semspoiler) e é uma reviravolta incrível. Para quem conhece o contexto histórico dos anos 60 e 70, é surpreendente e inteligente. Larrain afirmou em entrevistas que decidiu fazer o filme porque acredita que seu país ainda está dividido e assombrado não apenas pelo legado de Pinochet, mas também por seus crimes e impunidade. Especialmente pelo fato de que ele evitou um julgamento até sua morte em 2006.
O filme apresenta diversas referências tanto no roteiro quanto nos visuais (a fotografia é incrível). Em alguns momentos, Pinochet até parece um Superman do mal. Aliás, fica claro que o mal nunca morre, apenas muda de forma. A trilha sonora pode ser um pouco irritante em alguns momentos, mas isso não estraga a experiência como um todo. Certamente há quem ache o filme chato e arrastado, ainda mais por ser em preto e branco (minha ironia, é claro). Eu, pessoalmente, achei muito bom!
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